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e como num conto mais tradicional o cenário combina perfeitamente com a personagem em seu interior.
as gotas de chuva que batem na janela, são as lágrimas que caem das janelas da alma...
a podridão dos sentimentos é a que corrói os frutos largados numa escrivaninha abandonada,
o pó sobre os móveis é tão nojento quanto tantos de seus pensamentos,
o cheiro que sai do sanitário causa o mesmo asco que as idéias...
mas o coração em chamas, que parece distoar, na verdade concorda com os raios de sol que tentam entrar...
bloqueados pela vidraça, e o amor pela indiferença.
o calor fica do lado de fora, do quarto e do corpo.
por dentro, frieza; no interior, frieza.
a água seca, o pó permanece, o odor se esvai, o vazio se enche de silêncio... e a existência continua, já que a vida (em si) nunca esteve por lá.
cresce nas rachaduras da parede um planta...
de esperança?
não, é mas uma de decepção, uma daninha.
venenosa, mas não mais que o ódio destilado pelo etinerante sedentário daquele cubículo.
grande alma num pequeno corpo. pequeno aposento...com um grande aluguel.
o preço alto a pagar pelo serviço pouco, a energia gasta pelo corpo moribundo.
a alma que desistiu do corpo, a lâmpada que não quer mais brilhar.
as vozes vindas do corredor invadem a demênca do isolamento.
todas as antíteses perfeitas, os paradoxos e máximas quebrados naquele homem,
o peso a carregar, o legado, a dor
o prazer.
o tapa que provoca, e o que ofende. o que ele tem, e o que ele quer.
o que ele dá? não dá.
dê talvez o exemplo, mas não porque o dê, mas porque o é.
é o que precisam, mas o que desprezam.
é o sábio que foi calado. a (cara) verdade suprimida.
a paz enjaulda.
é ele o todo e o tudo, é ele o nada e o nunca.
é ele, o que tiver que ser... ele será.
na imensidão finita daquelas paredes, o herói e o vilão.
o mesmo corpo que faz e descansa... o mesmo.
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quando me deito, durmo em paz, pois Tú, Oh Senhor, me fazes descansar em segurança.
Um Lugar Qualquer
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